Foto: Pedro Piegas (Diário/Arquivo)
Estação que começa hoje será mais chuvosa, principalmente em dezembro
A primavera, marcada intensamente pela atuação do El Niño, despediu-se na madrugada desta sexta-feira (21) no Hemisfério Sul. Porém, com a chegada do verão, a tendência é que o fenômeno siga atuando em dezembro, perdendo força com o decorrer dos meses.
De acordo com o meteorologista Gustavo Verardo, da BaroClima Meteorologia, quem também começa a se despedir nesta estação são as chuvas intensas, que, desde agosto, causaram diversos estragos no Rio Grande do Sul.
– O pico do El Niño está acontecendo agora, em dezembro. De janeiro em diante teremos um sinal mais fraco da atuação do fenômeno. Janeiro será um mês um pouco mais seco, já que a chuva mais intensa irá migrar para as áreas centrais do país – antecipa Verardo.
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A tendência para o mês de janeiro no Rio Grande do Sul é de mais dias ensolarados, porém, com possibilidade de chuvas irregulares, as famosas chuvas de verão que, durante as tardes podem vir acompanhadas de temporais.
– No mês de janeiro, vão se sobressair as chuvas convectivas, aquelas típicas de verão que caem em uma cidade e não caem em outra. Não será um verão com acumalados abaixo da média, mas sim de redução no ritmo de eventos intensos. Consequentemente, com menos nuvens e chuvas, as temperaturas tendem a subir no final da tarde – explica o meteorologista.
Verão climático
O calor das últimas semanas, com o registro da maior temperatura do ano no último dia 17, quando as máximas atingiram 40,4°C, anunciou que já experimentamos os primeiros dias do verão climático que, segundo Verardo, teve início no dia 1º de dezembro.
– Com o verão climático, a gente já percebe os dias mais compridos, as chuvas irregulares de verão, assim como as temperaturas mais altas. Isso tudo é o verão climático, já o verão astronômico inicia hoje com o solstício de verão – afirma.
O solstício de verão, que ocorreu à 0h27min de hoje, é marcado pelo momento em que o hemisfério sul da Terra está mais próximo ao sol. Também é carcterizado por ter o dia mais longo e a noite mais curta do ano.
Impactos na agropecuária
O cenário muda a partir da segunda quinzena de fevereiro, quando a chuva tende a retornar com uma maior frequência. Diferentemente dos últimos dois anos, em que o Estado sofreu com severas estiagens por conta do fenômeno La Niña, que estava em atuação, o verão 2023/2024 terá maiores índices de umidade relativa do ar. De acordo com o Prognósticos e recomendações para o período, do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul, com a previsão de precipitação acima da média, agricultores devem se atentar para a necessidade de uso de sistemas de drenagem devido ao risco de inundação.
A alta na umidade relativa do ar também preocupa a produção da soja, já que o fungo Phakopsora pachyrhizi, agente causal da ferrugem asiática, encontra nessa condição uma maior predisposição para a sua propagação.
A ferrugem asiática é considerada a principal doença da cultura da soja. Para sua ocorrência é necessário que exista o chamado triângulo da doença: hospedeiro (a soja), patógeno (o fungo) e ambiente favorável para a disseminação da doença (temperaturas entre 15ºC e 28ºC).
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Já quanto à pecuária, o prognóstico atenta para as altas temperaturas que podem acarretar estresse térmico aos animais, principalmente para vacas de alta produção de leite. Conforme o Comunicado Agrometeorológico Especial, da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, o estresse térmico registrado durante a primavera deste ano, principalmente nos meses de setembro e novembro, propiciou a estimativa de queda de produção de leite nas dez regiões ecoclimáticas do Estado, afetando o retorno econômico dos produtores rurais.